Ponta de Rua é um lugar na memória, nas ideias do autor. Passado e porvir, ao mesmo tempo, de sua escrita. É ali, a nordeste do próprio sonho, que Aparecido Galindo reencontra ou reinventa uma paisagem repleta de personagens particulares que se confundem entre si e com o espaço que habitam e pelo qual são habitados.

O autor, que há muito deixou sua terra natal para se aventurar pelos labirintos de outras paragens, retorna literariamente aqui aos encantos que ainda carrega dela.

Entre vaqueiros, moleques, ciganos e outras figuras marcantes, a poeira presente em tudo é quase que também uma metáfora desta mesma literatura, fragmentária e fugidia. São histórias curtas que reúnem recortes precisos e surpreendentes de um lugar e sua gente, esquecidos pelo afã da contemporaneidade.

Galindo, como já se sabe, é um excelente contador de histórias, filho legítimo de uma tradição oral aprimorado por pesquisas diversas com a linguagem. Se em seus premiados romances o autor gere com maestria o ritmo narrativo, aqui, sua precisão se condensa no que é essencial para que nos envolvamos até, sem perceber, também fazermos parte da Ponta de Rua. Seja bem-vindo a este terreiro, leitor!

Carlos André; Editor.