“Jogador de futebol morre duas vezes: a primeira, quando pendura as chuteiras; a segunda, quando morre de fato”.
A frase do ex-jogador Paulo Roberto Falcão bem que poderia ser o fio condu tor da história de Carlos Ginga, protagonista dessa narrativa e que vive no ocaso de sua existência um dilema insolúvel: manter-se fiel ao clube de coração; independente das consequências ou encarar as mudanças no meio futebolístico como algo benéfico e até mesmo, inevitável. Mas, Carlos Ginga rompe com a máxima de Falcão quando se nega a morrer duas vezes, buscando alcançar o panteão dos heróis do futebol e o seu lugar na eternidade.
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"— Essa zaga não consegue marcar ninguém!
Gritou de uma das mesas um senhor de cabelos grisalhos. Era Carlos Ginga, freguês assíduo e amigo do dono do bar. Ouvia o jogo atentamente e as expressões de sua face acompanhavam a narração que o locutor realizava da partida. Um certo nervosismo imperava no homem que envergava uma velha camisa do Calcio e sorvia uma dose de pinga a quase meia hora."
(Trecho de Apito final)