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A ARTE COMO RENÚNCIA

Atualizado: 20 de abr.


A Arte mede-se pela renúncia, tanto do Artista, quanto do público. Renúncia esta que pode ser percebida no quanto o primeiro se afasta do que é vulgar e costumeiro, enquanto que o segundo abre mão de participar de algo que já é comum a todos. Daí ser uma tarefa bastante simples distinguir Arte, de Produtos Culturais.


O consumidor de Produtos Culturais busca estar junto aos que tem um gosto parecido ao seu ou que compartilhem com ele os mesmos pontos de vista, já o apreciador de Arte, não importa-se com aspectos superficiais como: quanto reconhecimento o Artista recebe, a quantidade de vendas, ou de visualizações que sua obra possui.


Também não lhe importa as bandeiras que o Artista defende, seu posicionamento em relação a temas polêmicos, seu “engajamento” em causas sociais, etc. Por que isso, não está sob o domínio da Arte e sim do campo das ciências. Um cardiologista pode vir a escrever um excelente romance, mas na Sociedade Brasileira de Cardiologia, da qual ele faz parte, será cobrado pelo seu conhecimento em intervenções cirúrgicas e assuntos correlatos.


A Arte precede a ciência, daí a sua supremacia sobre ela. Antes do homem isolar os princípios ativos das plantas fazendo uso de técnicas laboratoriais, elas já eram utilizadas como medicamentos, sendo acompanhadas dos mais diversos rituais, que eram repletos de cantos, mantras, danças, músicas, etc. Elementos artísticos que tinham uma importante função na recuperação dos pacientes, tanto quanto o chá, elixir e unguentos ministrados.


Daí o parentesco do Artista com o Xamã e não com um doutor em Harvard. Assim como o Xamã, o Artista faz uso de materiais e técnicas que podem ser utilizadas também nas ciências, mas com objetivos distintos. Lembremos que antes de curar o corpo, o Xamã buscava a cura do espírito. Qualquer doutor em Harvard que defender algo parecido, será expulso de sua cátedra.


Da mesma forma, o “artista” que  visa explicar o mundo, transformá-lo ou salvá-lo está exilando-se de toda e qualquer forma de Arte. Por que ninguém, em nenhuma civilização ou cultura logrou até hoje, fazê-lo. Homero, Dante e Cervantes não conseguiram, portanto, não seremos nós, na era das Redes  Digitais que o faremos.


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