A Turmalina Paraíba é uma pedra preciosa encontrada em apenas três minas no Brasil e outras duas na Nigéria e em Moçambique. O termo “turmalina” vem do cingalês “tõramalli” e a palavra chegou até nós por meio da corruptela francesa “tourmaline”. Quanto a “Paraíba” deve-se ao fato de que esta variedade foi encontrada na década de 1980 no estado brasileiro de mesmo nome.
Devido ao seu autovalor comercial e a sua raridade, sendo uma pedra quase extinta a Turmalina Paraíba é alvo predileto do mercado clandestino de pedras preciosas. A prova disto é que em meados da década de 2010 foi descoberto um grande esquema de contrabando dessas pedras no estado da Paraíba. O fato teve ampla cobertura da impressa e descobriu-se uma rede internacional de tráfico com ligações na América do Norte e na Ásia.
Toda escrita parte de uma escolha. Nas mãos de um autor de romance policial, o tema se tornaria uma caçada de tirar o folego pelos contrabandistas, com direito a mocinhos e vilões e quem sabe um amor improvável entre a filha do dono de uma mineradora e um detetive injustiçado. Por ser um estilo consagrado, bem que Turmalina, escrito dessa forma, poderia alcançar o sucesso e acabar virando uma série no streaming. Mas como dito anteriormente, escrever é fazer escolhas, e a mais difícil delas é buscar novas possibilidades de comunicar-se com o leitor.
Uma vez deixado de lado os clichês e a tagarelice da escrita previsível, Turmalina foca no indivíduo e em suas relações humanas, relegando ao valor econômico da pedra o seu devido lugar, algumas raras menções aqui e ali. Porque em Turmalina, a fortuna que a pedra promete a quem a possuir, não é nada mais do que um catalisador. Ela permite que haja encontros, que as máscaras sejam vestidas ou tiradas para que se conheça melhor cada um dos personagens do romance.
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