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Foto do escritorAparecido Galindo

ESSA TAL DE PANDEMIA


Quando a notícia chegou

foi um barulho danado

o povo todo assustado

em casa já se trancou

quando o jornal informou

que o planeta sofria

de uma estranha agonia

ninguém entendeu direito

deu um aperto no peito

essa tal de Pandemia.


Ela chegou no país

foi logo fazendo estrago

nós sentimos o amargo

ouvindo o que a ciência diz

o nosso povo que é feliz

cheio de festa e poesia

teve que usar a máscara fria

para não se contaminar

cada um em seu lugar

durante a pandemia.


Os cantores se calaram

e os poetas também

não escapou ninguém

e todos se confinaram

teve aqueles que pegaram

e sofreram noite e dia

perdemos sua companhia

choramos a sua partida

e já ceifou muitas vidas

essa tal de pandemia.


Até mesmo o São João

que é uma festa centenária

por ser muita temerária

fazer a sua realização

não teve xote, nem baião

nem o xaxado que contagia

e a sanfona vendo a agonia

se calou em todo canto

trouxe uma chuva de pranto

essa tal de pandemia.


Os bares foram fechados

os boêmios se retiraram

os saraus se esvaziaram

e os teatros abandonados

os artistas prejudicados

vendo a arte que sumia

e o público convalescia

preso a um respirador

não se pode medir a dor

que nos trouxe a pandemia.


As empresas estacionaram

os funcionaram sofreram

os professores perderam

muito do que ensinaram

de suas casas falaram

ao aluno que aprendia

do outro lado e queria

voltar para sua escola

nunca mais se jogou bola

por causa da pandemia.


O pescador que singrava

os rios com sua canoa

não encontrava a pessoa

para quem o peixe pescava

para casa ele voltava

e sua rede então recolhia

olhava o rio de dizia:

- Um dia volta ao normal.

E sofreu de grande mal

por causa da pandemia.


Os shows que eram lotados

hoje são feitos na internet

o cachê não se repete

o que recebe é o doado

são lives para todo lado

mas sem aquela energia

do público que contagia

o artista e sua banda

e assim a arte desanda

nesta tal de pandemia.


Empregos foram perdidos

a pobreza aumentou

e muita gente ajudou

ao irmão que é desvalido

nada mais é garantido

naufragou a economia

enquanto o dólar subia

e o real estagnava

a miséria se multiplicava

durante a pandemia.


As ruas sem ambulantes

os bares, portas abaixadas

as lojas, tudo fechadas

escolas sem estudantes

a ambulância a cada instante

a um doente socorria

enquanto o médico pedia

para em casa ficar

e ver a vida passar

no meio da pandemia.


Mas temos a esperança

aa criação da vacina

e se a covid termina

volta logo a bonança

nesta luta a gente avança

vencendo o que nos deprimia

a ciência nos dá garantia

de que tudo vai mudar

e a vida irá melhorar

depois dessa pandemia.


Enquanto isso a gente

continuamos nos cuidando

uns aos outros ajudando

abraçando o mais carente

eu faço o meu repente

incentivando a harmonia

e espero em qualquer dia

cantar como antigamente

muito alegre e contente

por vencer a pandemia.



Obs. Cordel escrito durante a pandemia de Covid 19 que ceifou milhares de vidas em todo o país.

Obra pertencente ao livro ainda inédito "O Cordel da légua e meia"



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