Quando a notícia chegou
foi um barulho danado
o povo todo assustado
em casa já se trancou
quando o jornal informou
que o planeta sofria
de uma estranha agonia
ninguém entendeu direito
deu um aperto no peito
essa tal de Pandemia.
Ela chegou no país
foi logo fazendo estrago
nós sentimos o amargo
ouvindo o que a ciência diz
o nosso povo que é feliz
cheio de festa e poesia
teve que usar a máscara fria
para não se contaminar
cada um em seu lugar
durante a pandemia.
Os cantores se calaram
e os poetas também
não escapou ninguém
e todos se confinaram
teve aqueles que pegaram
e sofreram noite e dia
perdemos sua companhia
choramos a sua partida
e já ceifou muitas vidas
essa tal de pandemia.
Até mesmo o São João
que é uma festa centenária
por ser muita temerária
fazer a sua realização
não teve xote, nem baião
nem o xaxado que contagia
e a sanfona vendo a agonia
se calou em todo canto
trouxe uma chuva de pranto
essa tal de pandemia.
Os bares foram fechados
os boêmios se retiraram
os saraus se esvaziaram
e os teatros abandonados
os artistas prejudicados
vendo a arte que sumia
e o público convalescia
preso a um respirador
não se pode medir a dor
que nos trouxe a pandemia.
As empresas estacionaram
os funcionaram sofreram
os professores perderam
muito do que ensinaram
de suas casas falaram
ao aluno que aprendia
do outro lado e queria
voltar para sua escola
nunca mais se jogou bola
por causa da pandemia.
O pescador que singrava
os rios com sua canoa
não encontrava a pessoa
para quem o peixe pescava
para casa ele voltava
e sua rede então recolhia
olhava o rio de dizia:
- Um dia volta ao normal.
E sofreu de grande mal
por causa da pandemia.
Os shows que eram lotados
hoje são feitos na internet
o cachê não se repete
o que recebe é o doado
são lives para todo lado
mas sem aquela energia
do público que contagia
o artista e sua banda
e assim a arte desanda
nesta tal de pandemia.
Empregos foram perdidos
a pobreza aumentou
e muita gente ajudou
ao irmão que é desvalido
nada mais é garantido
naufragou a economia
enquanto o dólar subia
e o real estagnava
a miséria se multiplicava
durante a pandemia.
As ruas sem ambulantes
os bares, portas abaixadas
as lojas, tudo fechadas
escolas sem estudantes
a ambulância a cada instante
a um doente socorria
enquanto o médico pedia
para em casa ficar
e ver a vida passar
no meio da pandemia.
Mas temos a esperança
aa criação da vacina
e se a covid termina
volta logo a bonança
nesta luta a gente avança
vencendo o que nos deprimia
a ciência nos dá garantia
de que tudo vai mudar
e a vida irá melhorar
depois dessa pandemia.
Enquanto isso a gente
continuamos nos cuidando
uns aos outros ajudando
abraçando o mais carente
eu faço o meu repente
incentivando a harmonia
e espero em qualquer dia
cantar como antigamente
muito alegre e contente
por vencer a pandemia.
Obs. Cordel escrito durante a pandemia de Covid 19 que ceifou milhares de vidas em todo o país.
Obra pertencente ao livro ainda inédito "O Cordel da légua e meia"
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